O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem recentemente liberado bilhões em emendas, o que tem sido alvo de críticas à sua articulação política. Essas críticas reverberam nas votações das principais pautas, incluindo as questões econômicas em andamento. Mais uma vez, o Centrão exerce sua influência ao pressionar por negociações de cargos no alto escalão da gestão petista.
No dia 7 de julho, o presidente Lula fez questão de receber líderes de partidos envolvidos nas pautas econômicas, incluindo representantes do Centrão, após um esforço concentrado na Casa Baixa. O petista, juntamente com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, agradeceu pelas “importantes votações da semana”, publicando inclusive uma foto e um texto nas redes sociais. O grupo, liderado por Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, posou sorridente ao lado do presidente.
Interlocutores do Palácio do Planalto afirmam que a entrada do bloco formado pelas legendas Republicanos e PP no governo é considerada “certa”. As negociações se intensificaram após a semana de esforço concentrado na Câmara dos Deputados, que resultou na aprovação de textos como a reforma tributária e o retorno do voto de qualidade, que beneficia o governo no Conselho Administrativo de Recursos Federais (Carf).
Foi graças a essa sinalização do presidente que Lira removeu todas as barreiras que adiavam para o segundo semestre a aprovação da proposta que devolve à União a palavra final nas disputas do Carf, a última instância administrativa para resolução de litígios entre o Fisco e grandes devedores de impostos. Como recompensa, o PP de Lira almeja o Ministério do Desenvolvimento Social, pasta responsável pela administração do Bolsa Família. No entanto, o principal obstáculo é a primeira-dama Janja, que deixa claro que a pasta é de indicação pessoal do presidente e uma peça chave nas negociações.
Com o crescimento desse grupo, partidos de centro, que foram fundamentais para os resultados positivos do governo nas últimas semanas e no primeiro semestre, estão de olho nos cargos de primeiro, segundo e demais escalões do governo federal. As conversas visam selar acordos que possam garantir mais tranquilidade a Lula nas votações pelo resto do ano.
Além do União Brasil, que conseguiu de Lula a substituição de Daniela Carneiro pelo deputado bolsonarista Celso Sabino no Ministério do Turismo, é certo que o PP e o Republicanos também desejam acomodar-se no primeiro escalão. O PP, que foi um importante suporte ao governo de Bolsonaro, almejava os cofres do Ministério da Saúde. No entanto, Lula frustrou essa articulação ao declarar que não abrirá mão dos trabalhos técnicos da ministra Nísia Trindade. Agora, o partido de Lira mira o Ministério do Bolsa Família, enquanto o Republicanos almeja o Ministério dos Esportes, atualmente comandado pela ex-jogadora de vôlei Ana Moser.