A posse do novo presidente da Argentina, Javier Milei, marca uma mudança histórica de quatro décadas na representação do Brasil. Pela primeira vez desde a redemocratização nos anos 1980, nem o presidente nem o vice brasileiro estarão presentes na cerimônia de posse em Buenos Aires.
Milei assume o cargo em meio a tensões e desconfianças por parte do Brasil devido a seus discursos críticos a acordos e instituições importantes para o país, como o Mercosul, além de sua retórica hostil em relação ao presidente Lula. Durante a campanha, Milei se recusou a negociar com Lula, chamando-o de “corrupto” e “comunista”.
Após as eleições, em um gesto de conciliação, Milei enviou a futura chanceler argentina, Diana Mondino, a Brasília para convidar pessoalmente Lula para a posse. No entanto, Lula optou por enviar o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, como representante brasileiro, devido à expectativa de um clima hostil e para evitar a presença simultânea de Lula e seu antecessor, Jair Bolsonaro.
A escolha de Vieira visa enviar uma mensagem ao novo governo argentino, indicando a possibilidade de uma relação pragmática, mas também destacando o desconforto do Brasil com a situação. Em termos diplomáticos, a presença de um chefe de Estado ou vice em cerimônias de posse sinaliza a importância nas relações entre nações.
Especialistas em relações internacionais observam que a decisão brasileira não reflete uma posição unilateral em relação à Argentina, mas é uma resposta às declarações polêmicas de Milei. A mensagem é de que o Brasil está aberto a manter uma relação de Estado com a Argentina, enquanto alguns políticos buscam criar crises e narrativas para ganhar destaque na mídia.