De acordo com o documento divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) nesta quinta-feira (20), o Brasil enfrentou um recorde de 74.930 casos relatados de violência sexual em 2022, um número 8,2% maior do que o verificado em 2021. É devastador saber que 88,7% das vítimas são do sexo feminino, enquanto 11,3% envolvem pessoas do sexo masculino.
Os dados mais angustiantes destacados no levantamento mostram que 61,4% das vítimas de estupro são crianças de 13 anos para baixo. Alarmantemente, em 10,4% dos casos, as vítimas foram crianças de 0 a 4 anos. A esmagadora maioria desses abusos ocorre na residência das vítimas, com 68,3% dos registros indicando que o crime foi cometido nesse local, e 9,4% em vias públicas.
Outro dado preocupante revela que, nos casos que envolveram crianças de 0 a 13 anos, 86,1% dos estupros foram cometidos por pessoas conhecidas pelas vítimas, e o que é ainda mais perturbador: 64,4% são familiares das crianças estupradas. No caso das vítimas de 14 anos ou mais, 77,2% dos casos de violência sexual foram cometidos por pessoas conhecidas, sendo que 24,3% das ocorrências foram de autoria de parceiros ou ex-parceiros íntimos.
Os números são estarrecedores quando se trata da autoria dos estupros registrados. Dos casos em que se sabe a autoria, 44,4% foram cometidos por pais ou padrastos; 7,4% por avós; 7,7% por tios; 3,8% por primos; 3,4% por irmãos; e 4,8% por outros familiares. É importante ressaltar que 1,8% dos casos apontam a mãe ou madrasta como autoras da violência. Um dado novo e preocupante é que 6,7% dos registros apontam vizinhos como autores da violência e há 29 registros contra professores.
Quanto ao horário dos crimes, em 65% dos casos que envolvem menores de 13 anos, a violência ocorre das 6h às 18h, enquanto nos casos que envolvem maiores de 14 anos, 53,3% ocorreram entre 18h e 6h. Há uma clara prevalência de estupros diurnos no caso de menores de 13 anos e noturnos nos de maiores de 14 anos.