O surto de dengue na América do Sul e no Brasil pode estar prestes a se tornar o pior já registrado, de acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde). Em uma declaração para a imprensa, a organização revelou que até o dia 26 de março foram identificados 3,5 milhões de casos de dengue nas Américas, resultando em mais de mil mortes. Esses números alarmam a OMS, que destaca que o número de casos triplicou em comparação com o mesmo período de 2023.
Durante todo o ano passado, foram relatados 4,5 milhões de casos na região. Sylvain Aldighieri, diretor do departamento de prevenção, controle e eliminação de doenças da OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde), menciona que os dados sugerem que 2024 pode testemunhar o maior número de casos registrados na região.
Embora o aumento de casos esteja sendo observado em toda a América Latina e no Caribe, três países — Brasil, Paraguai e Argentina — estão enfrentando uma situação particularmente preocupante, representando 92% dos casos e 87% das mortes relacionadas ao vírus.
A OMS ressalta que a dengue segue um padrão sazonal, com a maioria dos casos ocorrendo no primeiro semestre do ano, especialmente durante os meses mais quentes e chuvosos, quando o principal vetor da dengue, o mosquito Aedes aegypti, está mais ativo.
Atualmente, quatro sorotipos do vírus estão em circulação, e a presença de dois ou mais tipos aumenta o risco de epidemias e formas graves da doença. Mais de 21 países das Américas relataram a circulação de múltiplos sorotipos.
A presença do mosquito vetor e casos em áreas onde a transmissão endêmica não havia sido observada antes é uma preocupação adicional, indicando que alguns países podem não estar preparados para lidar com um aumento na transmissão.
Embora a vacina contra a dengue tenha sido desenvolvida e esteja sendo administrada no Brasil desde fevereiro, ela não resolverá o problema imediatamente, pois requer duas doses com um intervalo de três meses entre elas. Estudos sugerem que a vacinação por oito anos pode impactar a transmissão da dengue, mas a eliminação dos criadouros do mosquito continua sendo a principal ferramenta de controle, seja em residências particulares ou em locais públicos.
A OMS também destaca que as mudanças climáticas, incluindo tempestades e inundações, podem favorecer a dispersão do mosquito vetor da doença. O fenômeno El Niño é mencionado como um possível contribuinte para o aumento da doença, juntamente com fatores sociais como o rápido crescimento populacional e a urbanização não planejada.