Foto: Lucas Moura/Secom PMS
A Casa do Benin, um marco de intercâmbio sociocultural e político entre a África e o Brasil em Salvador, comemora seus 35 anos em 2023. Para celebrar essa data especial e fortalecer o trabalho desenvolvido por este espaço, será inaugurada na próxima terça-feira (1º), às 18h30, a exposição fotográfica “Lapso Temporal – Casa do Benin – 35 anos”.
A exposição, que ocorrerá na Rua Padre Agostinho Gomes, no Pelourinho, é uma iniciativa administrada pela Prefeitura de Salvador, através da Fundação Gregório de Mattos (FGM). Intitulada “Lapso Temporal”, a mostra apresenta fotografias e documentos do Acervo Arlete Soares, convidando o público a reconectar as relações entre a Bahia e o Benin.
O projeto foi concebido pela FGM e Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult), em parceria com a antropóloga Goli Guerreiro, a artista Lia Krucken e uma equipe curatorial formada por cinco artistas baianos de diversas linguagens: Álex Ígbò, Diego Araúja, Laís Machado, Rogério Felix e a própria Lia Krucken. Em colaboração com a fotógrafa Arlete Soares, o grupo montou cuidadosamente a exposição. A expografia é de Jeisi Ekê de Lundu, mulher trans, artista visual, escritora e performer, enquanto o projeto gráfico é assinado pela editora soteropolitana Duna.
Segundo Goli Guerreiro, o evento convida os visitantes a mergulharem nos trânsitos entre o continente africano e sua diáspora, revelando os meandros do Projeto Benin-Bahia, que deu origem à Casa do Benin em Salvador e à Casa do Brasil em Uidá, há 35 anos. “Um projeto nascido para comemorar o centenário da abolição da escravatura. É uma Bahia que foi muito influenciada pela cultura beninense e um Benin que também foi influenciado pela cultura da Bahia. As fotografias feitas por Arlete Soares naquele período são evidências dessa troca”, explica Goli.
A exposição “Lapso Temporal” também desencadeia uma série de atividades reflexivas. O curador Diego Araújo ressalta que esses registros nos levam a mergulhar no passado para refletir sobre o futuro. “É importante dar continuidade a esse intercâmbio cultural amplo e capilarizado – religioso, artístico, gastronômico, filosófico e político. Uma narrativa que nos mobiliza a criação de memórias”, destaca Diego.
Além da exposição na Casa do Benin, “Lapso Temporal” também se estenderá às ruas do Centro Histórico, com lambes que convidam os transeuntes a adentrarem ao local. Ao longo da exposição, que estará em exibição até 16 de dezembro, serão realizadas outras atividades, como colagem de lambe, oficinas de escrita com imagens e creollage, rodas de conversas com Arlete Soares e convidados, bem como encontros e ações de mediação cultural.