Hoje é o grande dia! Encerrando a programação especial de São João da Prefeitura, o Festival Samba Junino será realizado no Dique do Tororó neste domingo, às 15h. Prepare-se para um evento repleto de música e animação, com o cortejo de dezenas de grupos tradicionais de samba junino e um show imperdível de Tatau, com participações de Ninha e Reinaldo.
O cortejo terá início no viaduto Rômulo Almeida e seguirá pela Avenida Vasco da Gama até o palco, localizado em frente à portaria da Arena Fonte Nova, no Dique do Tororó. A concentração está marcada para as 14h.
O Festival Samba Junino celebra o movimento cultural genuinamente baiano, que nasceu há mais de 40 anos em festas de terreiros de candomblé de bairros como Engenho Velho de Brotas, Fazenda Garcia, Tororó e Federação. Um dos destaques do desfile será o Samba Duro de Terreiro, do Uruguai, um dos maiores em atividade na capital baiana. Ao som de cantigas e batuques de samba duro, cerca de 30 grupos desfilarão no mesmo estilo dos tradicionais arrastões nos bairros.
Isaac Edington, presidente da Empresa Salvador Turismo (Saltur), destaca que o Festival encerra as comemorações do São João em grande estilo. “Foi um pedido especial do prefeito fazer um grande encerramento da nossa programação junina. Estamos agora na fase final de ajustes desse momento e garanto que teremos tudo que nosso São João pede: tradição, música, beleza e comemoração.”
Pedro Tourinho, secretário de Cultura e Turismo de Salvador (Secult), afirma que o samba junino é um movimento comunitário que tende a crescer ainda mais nos próximos anos. “O samba junino é patrimônio cultural de Salvador, uma celebração particular de cada bairro, cada grupo e comunidade, uma grande potência de nossa cidade que se reunirá neste domingo para que todos possam ver, participar e se divertir”, declarou.
Tatau, cantor que no início da carreira fez parte do grupo “Samba Scorpions”, tem uma relação muito especial com o samba duro. “É um movimento que ajudei a difundir aqui e tenho músicas que foram umas das primeiras a reverberar para o grande público em relação ao ritmo, como ‘Quero Ser Seu Namorado’. Então é uma satisfação receber esse convite e garanto que vamos entregar ao público um show que leva tradição, cultura e profissionalismo. Estou ansioso e pronto para interagir com o público que já gosta de samba duro e também atrair os jovens para participar desse momento e multiplicar um ritmo e um estilo musical que são muito importantes para nossa cultura”, afirmou o cantor.
Wagner Shrek, produtor cultural e presidente da Liga de Samba Junino da capital, destaca que a festa não só proporcionará entretenimento para os cidadãos, mas também trará visibilidade para o
movimento, que é forte nas periferias e possui um impacto social significativo. Os grupos possuem um calendário fixo de apresentações que se inicia no período da Semana Santa e segue até o São João, além de desenvolverem atividades pontuais em outras festividades.
“É um movimento ancestral, da cultura do povo preto, e está tendo o reconhecimento como patrimônio. Estamos avançando e salvaguardando essa cultura, que não se restringe apenas à música. Os grupos estão envolvidos em atividades culturais e sociais, com iniciação de crianças e jovens na música. Além disso, as apresentações, que ocorrem nas ruas, também fomentam a economia das comunidades”, reforçou Shrek.
O samba junino é derivado do samba de caboclo e possui suas matrizes rítmicas vinculadas às evoluções do tambor. Com o passar do tempo, diversos bairros de Salvador se tornaram expoentes desse movimento cultural, como Liberdade, Nordeste de Amaralina, Santa Cruz, Vale das Pedrinhas, Alto das Pombas, Cajazeiras, Águas Claras e Canabrava.
Esse movimento surgiu em torno das casas de candomblé de Salvador, no contexto da religiosidade popular presente nos terreiros e em muitas festividades de matriz africana, como as festas de caboclo, iniciando suas manifestações nas queimas de Judas e encerrando no Dois de Julho, inclusive na sequência das rezas direcionadas aos santos juninos – Santo Antônio, São João e São Pedro.
Símbolo de resistência, o samba junino deu origem a estilos musicais contemporâneos como o pagode baiano, que emplacou diversos sucessos nacionais na década de 1990 com grupos como Gera Samba, Terra Samba e Companhia do Pagode, e projetou muitos artistas conhecidos do grande público, como o próprio Tatau, Reinaldo, Ninha e Márcio Victor. Em 2018, por ser uma manifestação genuinamente soteropolitana, o samba junino foi reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial de Salvador pela Fundação Gregório de Mattos (FGM).