O ex-presidente do PT e ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, lançou um alerta contundente durante um encontro da corrente Avante PT, considerada mais à esquerda dentro do partido. As declarações de Dirceu, proferidas em São Paulo na noite desta sexta-feira (24), insinuam uma preocupante autocritica e antecipam uma análise crítica da atual situação do PT e do governo federal.
Dirceu apontou problemas tanto no partido quanto no governo, expressando inquietações sobre a falta de mobilização e sinalizando a possibilidade de um “tranco” da direita, caso não haja uma reação efetiva. Durante o encontro, ele destacou que, embora o PT seja o partido de maior apoio popular, ainda está longe do seu potencial total.
“Hoje o PT é o partido de maior apoio popular, de melhor imagem, mas o partido não é nem 10% do que devia ser. Nós temos um problema sério, no PT e na esquerda”, afirmou Dirceu. Ele mencionou a falta de mobilização para confrontar a política de juros do Banco Central e a ausência de engajamento em pautas ambientais.
O ex-ministro também criticou o adiamento da eleição da presidência nacional do partido, chamando-o de “fracasso”, e questionou a falta de discussões abertas dentro da legenda. Ele ressaltou a importância de encarar os problemas de frente e alertou para a possibilidade de a direita aproveitar as brechas deixadas pela falta de ação e diálogo.
Diante do atual panorama, Zé Dirceu defendeu que o PT adote uma perspectiva de médio prazo, visando um horizonte de 12 anos. Ele alertou para a necessidade de mudar a correlação de forças e a estrutura interna do partido, reconhecendo as dificuldades que o governo pode enfrentar nos próximos anos.
“Não estou pessimista, estou realista”, enfatizou Dirceu, sugerindo uma abordagem pragmática diante dos desafios políticos que se apresentam. Suas declarações adicionam um elemento de tensão e autorreflexão ao ambiente político do PT.
