Na manhã desta quinta-feira (27), a Polícia Federal (PF) realizou buscas e apreensões contra ex-diretores e pessoas ligadas à Americanas. Entre os alvos está Miguel Gutierrez, ex-CEO da empresa. As fraudes investigadas na empresa somam R$ 25 bilhões.
Cerca de 80 policiais federais estão cumprindo 15 mandados de prisão nas residências dos ex-diretores da Americanas no Rio de Janeiro. A Justiça Federal também ordenou o sequestro de bens e valores que ultrapassam R$ 500 milhões.
Outros alvos da Polícia Federal incluem: Anna Christina Soteto, Anna Saicali, Carlos Eduardo Padilha, Fabien Picavet, Fabio Abrate, Jean Pierre Ferreira, João Guerra Duarte Neto, José Timotheo de Barros, Luiz Augusto Henriques, Marcio Cruz Meirelles, Maria Christina Do Nascimento, Murilo dos Santos Correa e Raoni Lapagesse Franco.
As delações premiadas de Marcelo Nunes, ex-diretor financeiro da empresa, e Flávia Carneiro, responsável pela Controladoria da B2W, são a base para a ação de hoje. Segundo as investigações, as ações dos ex-funcionários visavam atingir metas financeiras internas e gerar bonificações.
Também está sendo investigada a manipulação ilícita do mercado de ações. Os crimes em apuração incluem manipulação de mercado, uso de informação privilegiada e associação criminosa. Os mandados foram autorizados pela 10ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, onde um prédio da empresa também está sendo alvo de busca e apreensão.
A empresa entrou em recuperação judicial e atribuiu as inconsistências a fraudes contábeis cometidas por ex-funcionários. Em 2023, revelou-se um rombo de mais de R$ 20 bilhões nas contas da Americanas devido a essas fraudes contábeis.
Em novembro de 2023, ao justificar o quarto adiamento da divulgação das demonstrações financeiras de 2022 e da revisão do balanço de 2021 à CVM, a empresa afirmou ter sido “vítima de uma fraude sofisticada e bem arquitetada”.
Em 19 de janeiro, a empresa entrou em recuperação judicial com dívidas de R$ 42,5 bilhões. Os principais credores da varejista são os maiores bancos do Brasil. A partir desse momento, a empresa iniciou uma batalha judicial com as instituições financeiras. Em junho, a empresa confirmou fraudes nos balanços, com um relatório apontando que demonstrações financeiras vinham sendo fraudulentamente infladas pela antiga diretoria, elevando seus resultados em R$ 25,3 bilhões.
A antiga diretoria da Americanas atuou por décadas na empresa. Exceto pelo ex-CEO Miguel Gutierrez, que se aposentou no final de 2022, os demais diretores foram afastados semanas após o escândalo se tornar público.
A atuação dos três principais acionistas da varejista, os bilionários Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles, sócios da 3G Capital, também foi investigada. No final de setembro, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigava a Americanas encerrou suas atividades sem apontar culpados.