Com 186.606 pacientes atendidos pela Central Estadual de Regulação nos oito primeiros meses de 2023, foi atingida a marca de 99,2% de respostas às 188.116 solicitações feitas por unidades de saúde nos 417 municípios baianos. No entanto, por trás dos números comemorados, persistem problemas críticos no atendimento de saúde.
Enquanto o governador Jerônimo Rodrigues e a secretária da Saúde, Roberta Santana, aplaudem suas próprias ações, a realidade nas unidades de saúde não é tão brilhante. A ampliação de leitos e da equipe de regulação pode até soar positiva, mas a necessidade de tais medidas reflete um sistema de saúde deficiente. Mais de 500 novos leitos foram abertos, mas por que a demanda é tão alta em primeiro lugar? A falta de cuidados primários eficazes em muitos municípios baianos leva pacientes a buscar tratamento em estágios avançados de doenças.
A situação piora quando vemos que 40% das solicitações atendidas são para problemas vasculares, ortopédicos e de clínica médica, muitos dos quais poderiam ser prevenidos ou tratados em estágios iniciais com um sistema de atenção primária mais eficaz. A necessidade de revascularizações e amputações reflete a negligência nas etapas iniciais do cuidado médico.
Além disso, a sobrecarga de pacientes politraumatizados nas UTIs estaduais mostra falhas na prevenção de acidentes e na gestão do tráfego. A falta de atenção à saúde básica resulta em pacientes sendo transferidos para unidades estaduais quando poderiam ser tratados em níveis mais baixos de complexidade.
Embora os mutirões sejam louváveis em seus esforços, eles não podem ser usados como um pano de fundo para encobrir as deficiências sistemáticas em nosso sistema de saúde. É hora de questionar por que essas medidas extraordinárias são necessárias e trabalhar para melhorar a saúde preventiva e o atendimento básico, em vez de aplaudir números que revelam uma triste realidade.