O número de famílias em situação de rua na Bahia aumentou significativamente nos últimos cinco anos. Em 2020, havia cerca de 4.289 famílias registradas em situação de rua, número que saltou para 14.705 atualmente. Essas famílias estão espalhadas por ruas, praças, viadutos e locais abandonados em diversas cidades do estado.
Especialistas acreditam que o número real de pessoas vivendo nas ruas pode ser ainda maior, devido à subnotificação. O Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social (MDS) admite que os números dos anos anteriores não refletem a realidade devido a falhas no processo de atualização do Cadastro Único durante a gestão federal anterior. No entanto, desde 2023, o governo federal vem reestruturando o sistema, e o percentual de dados qualificados aumentou significativamente.
A pandemia agravou muito a situação da população de rua, segundo a advogada e pesquisadora Eugênia Fernandes Bengard. Muitas famílias perderam o sustento e foram forçadas a viver nas ruas. Além disso, o desmonte de políticas públicas até 2022 também contribuiu para o aumento do problema.
A falta de dados detalhados sobre o perfil dessas famílias também é um problema. O Ministério não forneceu informações sobre renda e sobrevivência média dessas pessoas. Eugênia destaca que essa ausência de estudos revela o abandono a que estão submetidas.
Iniciativas locais, como a pesquisa do Projeto Axé em Salvador, revelaram que a maioria das pessoas em situação de rua na capital baiana são homens negros entre 25 e 35 anos. No entanto, após a pandemia, o número de mulheres também aumentou.
A cientista social Maria de Fátima Cardoso destaca os perigos enfrentados por quem vive nas ruas, como violência, falta de saúde e barreiras para acessar serviços básicos. Segundo ela, o fortalecimento de organizações sociais e programas integrados de acolhimento é fundamental para mudar essa realidade.
O governo estadual também tem desenvolvido ações para atender a população de rua. A Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social da Bahia (Seades) mantém os Centros POP, que oferecem alimentação, higiene, emissão de documentos, entre outros serviços. Além disso, o programa Corra pro Abraço atende pessoas em situação de vulnerabilidade social e jovens expostos à violência.
